Nova Iorque (agência Reuters) http://mobile.reuters.com/article/idUSBRE89N1M220121024?irpc=932
Pelo menos dois terços das pessoas com cancro em estado
avançado numa nova investigação acreditam que a quimioterapia que recebem pode
curá-los, apesar do tratamento só ser administrado para ganhar tempo ou para
lhes dar algum conforto..
“As suas expetativas estão completamente fora da realidade”,
disse a Dra. Deborah Schrag do Instituto para o cancro Dana Farber de Boston à
Reuters Saúde.
A sua equipa reportou ao New England Journal of Medicine que
69% de pacientes com cancro nos pulmões, e 81% com cancro do colon, não entendem
que a quimioterapia que fazem não se destina a eliminar os tumores. Quando estes
tipos de cancro se espalham, a quimioterapia apenas se destina a prolongar o
tempo de vida para mais umas semanas ou meses, em troca de substanciais efeitos
colaterais.
Ironicamente, os pacientes que têm algo agradável a dizer
sobre a amabilidade dos seus médicos em comunicar com eles, não entendem o propósito
dessa comunicação.
“Isto nada tem a ver com maus médicos ou doentes pouco
inteligentes”, diz Schrag. “Isto trata-se de uma comunicação dinâmica complexa.
É difícil falar com pessoas e dizer-lhes que não se conseguimos curar-lhes o
cancro”, porque para os médicos é desconfortável dar notícias aos pacientes que
eles se recusam a ouvir e a acreditar.
“Caso os pacientes tenham expetativas irrealistas de cura com
uma terapia que é administrada apenas com intenção meramente paliativa, temos sérios
problemas um grave problema de comunicação que necessitamos abordar”, escrevem
os doutores Thomas Smith and Dan Longo da Johns Hopkins University School of
Medicine, num comentário que acompanha o estudo.
“Isto pode explicar porque é que dois meses antes de
morrerem, metade dos pacientes com cancro do pulmão não ouvem qualquer dos seus médicos a
proferirem a palavra ‘hospital’", escrevem eles.
O DURO ENFRAQUECIMENTO DO OTIMISMO
O estudo sugere que “necessitamos de gastar um pouco mais de tempo a
explicar o factos árduos aos pacientes”, diz o Dr. Hossein Borghaei, um
oncologista do Fox Chase Cancer Center in Philadelphia, que não esteve
envolvido na pesquisa. “Os oncologistas devem não transmitir tanto otimismo e
entusiasmo, embora seja difícil.”
Os resultados são baseados em entrevistas com 1193 pacientes aos quais foram
diagnosticados cancros com metástases. Todos eles a receber quimioterapia.
“O facto de 20 ou 30% dos entrevistados reconhecerem que a quimioterapia não
se destina a curá-los, mostra que pelo menos alguns dos pacientes são capazes
de aceitar esta realidade e a reconhecerem”, escrevem os pesquisadores.
“Estes não são assuntos triviais. A quimioterapia perto do fim da vida é
comum, mas não se destina à sobrevivência, e esta é a causa evitável do porquê se terem
gasto 25% dos fundos médicos no último ano de vida dos pacientes”, escrevem
Smith e Longo.
“Existem uma série de danos em não se fazer entender aos pacientes a
finalidade da doença”, diz Borghaei. As drogas administradas na quimioterapia, “são
poderosas e têm muitos efeitos prejudiciais, a quimioterapia irá causar mais
danos do que ajudar o paciente, podendo mesmo encurtar a sua vida. Tudo isto deve ser transmitido e
levado em consideração.”
Smith and Longo dizem que provavelmente os resultados da pesquisa são justos,
devido ao facto de haverem pacientes que não são avisados de que a sua doença é
incurável do ponto de vista médico, pacientes
aos quais não lhes é dito de uma forma
que os façam entender e compreender a doença, pacientes que escolhem não acreditar
na mensagem e ainda existem os pacientes demasiado otimistas, “ Há provavelmente uma
combinação de todas estas possibilidades”, dizem eles.
Borghaei diz que o estudo “ não leva em consideração tudo aquilo que os
pacientes trazem para cima da mesa quando lhes é diagnosticado um cancro
incurável.
Muitos pacientes insistem que vão vencer o cancro, assim que ouvem as
noticias.
“O que é que é suposto fazer nestas alturas? Discutir com o paciente?, diz Borghaei.
“Claramente que não é produtivo. Mas eu ouço isto muitas vezes, especialmente
de doentes mais jovens.
“Eu penso que este estudo pode servir para se lembrarem de tirar uns minutos
para reconhecer o quão difícil é reconhecer que não se trata apenas de uma
conversa, mas uma serie de conversas a ter com os pacientes, para ver se estes
entenderam o problema, e de como o pretendem resolver”, diz Schrag.
Quando a cura é pouco provável do ponto de vista médico, “devemos ter em
consideração que as pessoas têm oportunidade de planear e de se prepararem para
aquilo que provavelmente acontecerá”, diz ela.
Este artigo destina-se a informar os leitores sobre a quimioterapia,
fazendo-os ganhar tempo e levá-los a informarem-se sobre outras possibilidades no
que diz respeito a tratamentos alternativos. Existem cancros incuráveis do
ponto de vista médico que se curam, embora eu continue a defender que não é
através da medicina tradicional. O CANCRO DEIXOU DE SER UMA SENTENÇA DE MORTE,
acreditem nisso!